Estou Vivo

Bom dia, caríssimos amigos e seguidores.
Hoje gostaria de dissertar um pouco sobre o que é, para mim, estar vivo.

Em tempos de alguma escuridão, temos dificuldade em encontrar a luz — em ser, em estar presentes, em mostrar afetos e ser verdadeiros. Vivemos num mundo onde as falsas notícias entram-nos em casa até pela televisão e pelo rádio; já não é só coisa do sombrio mundo digital.
Num mundo onde há cada vez mais desigualdades, mais pobreza, mais crianças com fome, com falta de cuidados médicos.
Num mundo onde reina o “euísmo”, sem sequer pensarmos nos que estão ao nosso lado.

Reparem que falo em nós, não em vós — jamais me excluirei das minhas falhas, pois é aqui que começo a estar vivo.

Nos dias de hoje, sinto verdadeiramente que estou vivo, e dou graças a Deus por isso — todos os dias e todas as noites. Tenho tido provas, ao longo da minha vida, da Sua presença e existência.
Mas não é sobre religião que vos quero falar desta vez.
É sobre estar vivo.

Tenho a sensação de que só comecei a viver verdadeiramente há muito pouco tempo, pois foi quando comecei a enfrentar os meus medos, os meus erros — e a admiti-los.
A parar para pensar.
Sim, eu também, até há bem pouco tempo atrás, não tinha tempo para parar e pensar.
A vida exigia muito de mim — era um frenesim, uma correria, uma exigência constante — até que fui obrigado a parar.
E aí percebi.
Compreendi tudo o que andava a fazer de errado, a viver de errado: atitudes, pensamentos, ações, tudo.
Estava muita coisa errada.
E só após assumir isso para mim mesmo é que hoje sinto que estou vivo.

Sabem quando respondemos que “mal temos tempo para nos coçar”, que “mal temos tempo para respirar”, quando alguém nos propõe algo que não nos apetece muito fazer?
E se, em vez disso, assumíssemos apenas que não temos vontade de o fazer — e fôssemos francos e sinceros?
Se disséssemos às pessoas que não estamos interessados, que na verdade não queremos, que discordamos delas — e, nós próprios, lhes déssemos outros pontos de vista?

Já o disse várias vezes — e já o escrevi ainda mais — porque acredito mesmo nisto:
o tempo é o bem mais precioso que temos, e o que mais esbanjamos e damos sem nos importarmos minimamente.

Se eu pedir a alguém 50 euros, com certeza cada um de vocês terá uma ótima desculpa para dizer que não.
Mas se nos encontrarmos num qualquer local, somos capazes de passar horas a conversar sobre tudo e sobre nada — sem qualquer valor que acrescente algo às nossas vidas — e não nos queixamos desse tempo.

Não, não estou a dizer que não devemos parar para falar uns com os outros.
Até acho que devemos despender mais tempo nisso — mas que seja tempo com propósito, tempo em que acrescentemos algo ao outro, e ele a nós.
E não apenas conversa de circunstância, que depois se alonga por horas de coisa nenhuma.

Precisamos de mais sinceridade.
De mais afetos.
De mais proximidade.
De mais empatia.
De mais honestidade.
De mais amor.
De mais humanidade.

Precisamos de viver mais.
De estarmos vivos.

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